essencial

Data 21/06/2008 08:32:05 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

e de repente deu-me vontade de te ter aqui
de te mostrar o meu mundo
simples
sereno
ordeiro…
ordenado à desordem do caos

de serrar grades de ferro
de abrir janelas
ao vento
que se escorre pachorrento
vagoroso
leve
sedento e sedoso
(essencial, puro gozo)
na ponta de meus cabelos em cotovelos d’arrojo

como uma obra de Tchaikovsky
num movimento inaugural

soltar asas de um pássaro de fogo que m’habita
ao som líquido e maior
que oiço ali no mar

flautas, clarinetes, oboés…
um si bemol que m’acasala a alma, límpida,
na essência exótica da madeira

essencial

e, em vezes outras, me retalha, me corta,
é lâmina metal
em rios de lava e sal : - trompas, trompetes…clarinetes...

sabes, as ruas estão desertas
e, conquanto, vejo-lhes sombras reticuladas
silhuetas provectas
d’almas penadas,
vejo-as cheias de lobos em matilhas de sarna e lepra…

e … “dos lobos fujo”.

sabes … aqui na ilha
tudo é puro, tudo está 'inda intacto, absoluto e derradeiro.
não existem tão-pouco ácaros
não existem barulhos outros que não o marulhar das ondas
em cachos brandos de espuma…como carneiros no mar.

aqui, neste lugar só a natureza s’agita!



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