Tudo a seu tempo

Data 27/02/2007 16:02:18 | Tópico: Textos -> Tristeza

Acordei com a angústia a mordiscar-me os pés, dentro de mim o reverso do que fora o dia anterior, esta tristeza de tão verdadeira a fazer-me cócegas por todo o corpo, perco a noção do espaço em volta, a noção do tempo que passa… corpo drasticamente amarrotado a um canto, fecho a gaveta das lembranças, quero ser feliz, quero apagar as marcas do passado e partir de novo em busca do que não tenho e nunca saberei se terei.
Caminhando, rosto cravado nos mistérios e enigmas ditados pela tua presença em mim, pés descalços pela ausência, mãos despidas pela distância, muitos gritos interiores.
Vou assim como quem vai, atirada no desengano de uma falsa caminhada, perco os sentidos, sonhos despidos de razão e nada, a essência, a essência essa fica sempre impune no que mais puro existe em mim, no recanto mais seguro do meu coração.
Agito as mãos aos abutres que dão voltas sobre mim, não, este corpo não morrerá, daqui não arrancarão nada, deixem-me caminhar, deixem-me… já sinto em mim o cansaço a vir e um ligeiro abatimento mas a teimosia de te procurar compara-se à lonjura do meu sentimento, insisto, insisto continuamente, um dia há-de chegar esse momento.
Tudo a seu tempo…



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