Rua

Data 27/02/2007 21:51:18 | Tópico: Textos -> Amor

Olho a rua, pessoas às voltas como cegos à toa, caminhando de um lado para o outro, passa um, vem outro, onde andarás tu? Imagino o teu rosto entre tantos outros, vindo ao longe com o teu ar desengonçado, desajeitado, com aquele modo incomparável de andar... imagino o teu rosto e o teu corpo franzino a atravessar a passadeira que vejo ao longe da minha janela, se a atravessares fá-lo com cuidado amor já vi tanta gente ser atropelada ali.
E escuto aquela melodia que eu escrevi contigo ao meu lado numa noite de luar, enquanto o Douro matreiro nos via e ao ouvir-me cantar se ria mas ia ondulando-se ao sabor da melodia da minha guitarra... e escuto...

" Olha amor tanto a gente conta um ao outro,
há-de haver muito para contar ainda à solta,
nas conversas casuais sempre encontro o dom de amor,
e vejo-te quando não estás nas palavras que digo...
Sabes amor!? Quantas vezes inventei ter-te ao meu lado,
e agitei ondas de ausências e passados,
quebrei risos ao meio, deitei fora a tristeza e imaginei-te."

Tu ouvias em silêncio, calado, quieto, com aquele ar envergonhado que me levou até ti, nesse dia de verdades desvendadas ninguém imaginava a tua partida no dia seguinte...



Mas hoje imagino-te ainda a vir entre os rostos que passam pela rua que vejo da minha janela, pego na guitarra e toco aquela melodia... sempre... sempre que te imagino e esse sempre é tanto nos meus tão poucos dias.


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=4190