Inocência, a puta

Data 24/06/2008 23:41:35 | Tópico: Poemas

Vestida de nua,
toda crua, toda tão crua,
caiu por desamparo
ao lado de uma cama de fina trama
e derramou-se em recorte raro.

Ai dama dada, soldada de guerra,
femea de lassa batalha,
de carne usada que se amortalha
na sua forma mais recondida...
e assim morre devagar, devagarinho.

Salpicada de espirros e escarros
amada por paredes e carros,
definha sem dentes,
almas da alma arrancada a murro...
é amor, é sempre amor.

E, como de costume, morre,
morre devagar, muito devagarinho,
morre sem nunca parar.

Fica uma lágrima nua agarrada à lua.

Valdevinoxis



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