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    	Data 25/06/2008 11:47:34 | Tópico: Poemas -> Reflexão
 
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  Diariamente tomamos a pílula que nos entorpece a mente Para viajarmos ao vácuo da nossa consciência E ficarmos lá bem quietos: De preferência, Como se estivéssemos a nos deixar conduzir Pelo intangível fio do fluxo dinâmico, Contínuo                            E impositivo Dos nossos empedernidos dias pós-modernos.
 
  Daltônicos, contemplamos a nós mesmos Como um veio mortífero, Que merece do mundo ser varrido. No entanto, a verdadeira cor do câncer Mora na insuspeitável colina da magnanimidade. Nós, os filhos do lume opaco, A vemos como o supremo símbolo, o mor estandarte Do que é ser a cromática da Verdade. Ou então não a vemos: Pensamo-la o mais dardejante e airoso cristal da insanidade.
 
  Contudo, ela age taciturna: Sim, este é o maior dos perigos. Pois, quando se dá a emersão dos sintomas, É sinal que já somos presa Da sepulcral sentença, Até aí inconcebível.
 
  Finalmente, anestesiados, não sentimos Os vampiros e os lobisomens da tragédia Sorverem-nos o sangue, tampouco devorarem-nos                               A carne. Achamos que nós mesmos, Pelos nossos infortúnios, Somos os verdadeiros responsáveis. Enquanto eles, os carrascos                                              Em pele de cordeiro, Se transformam em legítimos heróis da farsa que é o vil-metálico Estado!
  JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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