Cadáver nobre

Data 25/06/2008 19:35:15 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Brindando em cálices reluzentes,deixo que a tenebrosa escuridão noturna assista
a minha trágica sina,
a infelicidade sorri e digo:
“Desde sempre estivestes comigo, saboreando minha dor,ajudando a cortar nos braços,
na infãncia acariciou minha face em lágrimas suaves que escorriam em silêncio
da mesma forma que o sangue de meus pulsos carentes de atenção e afeto".
Ao que ela apenas acena positivamente,
virando-se para o chão.

A desesperança também se faz presente,de face encoberta,em seu vestido negro, o luto previsto que jamais falhou,
nada haverá para aumentar esta tristeza
nem mesmo acusações e culpas amargas
de quem inocente apenas suportou todo sofrimento
emudecido pelo medo e pela dor,
lacrado num caixão enfeitado
rumo ao alto da colina familiar,
à guisa de templo emoldurado pelo tempo
e por todas as virtudes mortas no precoce fim de teus infelizes e solenes habitantes.

Em mim ainda resta a nobreza de um cadáver altivo
esperando apodrecido e infeliz pelo fatídico destino,
de todos aqueles que ainda agem como vivos,
translúcidos desencarnados e seus miasmas carregados,
ruamando ao desconhecido horizonte abismal
dos espíritos suicidas.

Guardo a lembrança ruim de cada momento,
sem esquecer de pormenores traumáticos
e a descrença e infelicidade acompanharão, apenas elas,o meu lamento neste recinto maldito.











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