Saber contar-te...

Data 28/02/2007 13:19:19 | Tópico: Contos -> Romance

É estranho saber contar-te como se fosses uma história perdida num livrinho, entre tantas outras, abri-lo à noitinha para embalar o sonho da criança que ainda mora em mim... é estranho saber contar-te assim como conto " A Branca de Neve e os Sete Anões", " O Capuchinho Vermelho"... estás entre todas as histórias que me vou contando de vez em quando, só para não perder de vez essa criança que ainda mora em mim. Mas continuo a achar que é estranho quando te conto a mim própria... e leio em voz alta as páginas inexistentes que a minha alma sabe de cor, repito não sei quantas noites a mesma história mas sou feliz porque aprendo sempre e cada vez mais com ela.
Ora:

"Era uma vez um rapaz e uma rapariga perdidos no meio da sua adolescência, ele deixava-se entranhar até ao cume da realidade, ela deixava-se embalar pela melodia dos sonhos... mas gostavam-se tanto! Ele gostava do jeito simples e humilde com que ela o olhava, às vezes até do jeito especial com que ela o abraçava, e de abraços percebia ela; ela gostava do jeito agressivo com que ele observava o que acontecia em seu redor, gostava de o ouvir criticar o mundo e repugná-lo. Enquanto ela sorria enquanto saltava pelos prados verdejantes tentando caçar borboletas imaginárias, ele sentava-se a tentar recordar-se do processo de fotosíntese das plantas, que tinham dado na aula de ciências, enquanto mirava uma simples flor... e seguiram-se tempos de contradições, ele preocupado com o dinheiro que gastava, ela preocupada com a felicidade dele, ele preocupado com o teste de Ciências, ela preocupada com a felicidade dele, ele preocupado com o tempo que perdia com ela, ela preocupada com a felicidade dele... até que um dia ela o olhou nos olhos e disse: "és mais alto que eu, tiras melhores notas que eu, és mais velho do que eu mas menos crescido e por isso acho que me magoaste durante este tempo todo" e correu a chorar tentando procurar um banco vazio do recreio onde amarrotar a tristeza que sentia...
Era uma vez uma rapariga que ficou sozinha porque assim deveria ser... e assim continua..." .




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