
História do avesso (de um rio de água vazio)
Data 26/06/2008 22:04:43 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Para aqui sentado na paragem Olhos à chuva deles mesmos Olhos nas vigias das ruas e vielas Inventando a miragem dos teus Reflectida na janela dos meus Tempestade à espreita na cidade Cabeças no ar, olhos no chão Uma rua gasta da idade Uma pedra que salta do caminho Uma pedra na rua da cidade E alguém que caminha sozinho Lágrimas que correm para o rio Um rio de água vazio Um barco em seco sem vento Um grito feito lamento Um homem de água sedento E um rio de água vazio Uma mulher a tremer de frio E uma capa a voar ao vento Um homem que olha o advento De um rio de água vazio Uma criança que choras os pais Pais sem filhos nem rio O barco sem porto nem cais E um rio de água vazio Um pintor que pinta sem quadro Um quadro sem pintor ao vento Um pintor que pinta ao frio Um rio da água vazio Um amor que esvoaça o equador das ideias O sangue que salta das artérias Um corpo que encolhe com o frio Num rio de água vazio
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