O MEU ESTÁGIO NO HOSPITAL

Data 27/06/2008 19:54:14 | Tópico: Textos -> Outros

No dia 23 de Junho, dei entrada nos serviços de urgência do hospital cá do burgo.
Depois dos exames preliminares, (preliminares nas urgências, nada de confusões) fui dirigido para os serviços de tratamento intensivo.
O professor que me observou depois de ouvir o palpitar do meu lindo coração virou-se para as enfermeiras e disse: ele tem um coração! Todas as enfermeiras, logo fizeram um círculo à minha volta e olhavam para mim admiradas.
Não sei porquê, os poetas e as poetisas do Luso, já me disseram a mesma coisa, dizem mesmo, que o meu coração é romântico, ora se se é romântico, tem que se ter um coração, não acham? Coisas das francesas!

Fiquei em boas mãos, quer dos médicos, quer as enfermeiras loiras ou morenas, não havia diferença.
A minha saúde agravou-se ultimamente e os médicos confirmaram o receio que eu tinha, agravou-se mais do eu pensava, pois que tinha uma coronária entupida e agora são duas, às quais já tinha sido feito de by passe (eu prefiro dizer pontagem) e sendo assim, já não posso ser operado, foi-me reforçado o tratamento de estabilização.

Conquistei as graças das enfermeiras com a minha maneira de ser rindo com elas das minhas brincadeiras, de tal maneira, que até faziam bicha para me verem.
A boa disposição ajudou-me a passar estes dias menos bons, enfim, é a vida!

Hoje, dia 27, tive alta: O táxi ambulância estava à minha espera à porta do hospital.
Despedi-me de todos aqueles que colaboraram no meu tratamento e um grupo de enfermeiras, cerca de 50, estavam à porta do hospital. Uma delas, quando eu ia a passar, dirigiu-se a mim e ofereeceu-me um pequeno embrulho com um lindo laço azul.
-Senhor Alberto, esta prenda é para si em nome de todas as minhas colegas.
Fiquei grato pela gentileza e agradeci. Dirigi-me para a ambulância, abri a porta, e coloquei no banco de trás toda a minha bagagem.
Voltei-me para dizer adeus e... estupefacção! Todas estavam acenando com as batas brancas me dizendo adeus.
Olhava para elas e dos meus olhos corriam lágrimas sem fim, os meus olhos estavam vermelhos.
Enxuguei as lágrimas com o meu lenço... maldito pólen! mas que porcaria de alergia!
Entrei na ambulância e lá fui rumo à minha casa onde estava a minha queridinha impaciente de me ver, minha cadelinha linda!
A curiosidade me roía e decidi de abrir o embrulho.
Fiquei furioso! Estava marcado na embalagem, um quilo de Viagra. Mas que ousadia, pensei eu.
Do viagra! mas com franqueza, mas o Viagra não me serve de nada.... avantaja-me de três milímetros. qual é o interesse?
Preparei-me para lançar pela janela o embrulho quando me apercebi que havia dois papéis colados.
Abri o primeiro que dizia: (eu cito)
Nós pertencemos a uma associação de defesa do Viagra e por isso te oferecemos um quilo desta maravilha para distribuires pelos teus amigos que precisarem!
Portanto, amigos já sabem!...
No segundo estava escrito:
Cá te esperamos no dia sete de Julho, para passares a noite a fazeres exames porque ressonas e fazes da apneia do sono!

P.S. Quando saí do hospital, vinha vestido de camisa prêta, estava de luto, porque a minha morte tinha morrido uma vez mais!

A. da fonseca





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