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Data 30/06/2008 09:21:50 | Tópico: Prosas Poéticas

É a madrugada que me acorda os sentidos. Na penumbra procuro as letras com que faço as palavras que descrevem os traços suaves do teu corpo. Na ponta dos dedos sinto o papel deslizar, como seda da tua pele macia. Entre as frases sinto o perfume dos teus cabelos, e, em cada paragrafo descubro o brilho dos teus olhos de mar.
Os primeiros raios de Sol penetram por entre as árvores da floresta, entrando em meu quarto, anunciando o dia. Descubro na neblina a tua forma, que sobe do solo húmido, materializando-se em ti. Entras e estendes-me a mão, conduzindo-me para lá da clausura das paredes. Sinto o corpo levitar, sigo-te em direcção aos céus, envolto no teu corpo volátil.
Perco a noção de espaço, o corpo desmaterializa-se em milhões de minúsculas gotículas de água, sou nevoeiro, enlaçado em ti. Essência da mesma matéria, deixamo-nos guiar pelo vento, que nos arrasta para lá dos limites do nosso Universo. Sinto a tua alma olhar a minha, num fluxo de energias convergente, que nos funde num abraço imaginado, sentido, apertado.
Dei-te corpo com as minhas letras, fizeste-te mulher ao meus olhos e levaste-me, numa viagem infinita, para lá do tempo, ao paraíso na minha imaginação.


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