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Data 04/07/2008 08:55:11 | Tópico: Prosas Poéticas

Neste espaço vazio onde apenas os ecos do tempo se propagam pelas paredes desnudas de um quarto que outrora foi um lugar mágico, sento-me, bem no centro do circulo, onde todos convergem para sentir a força dos universos paralelos penetrar a minha mente, elevando-me o corpo.
Do céu precipitam-se letras, em formatos sensuais, como se vestissem o teu próprio corpo, como um vestido justo e translucido que revela toda a magia que a tua pele encerra. As minhas mãos agitam-se no ar, desenhando símbolos antigos, palavras à muito esquecidas. do nada surge a imagem de ti, que se agita ao sabor do fumo do incenso que magicamente começou a arder. Caminhas na minha direcção e eu estendo-te minha mão, recebendo teu corpo no meu, sentindo o perfume oriental que a tua alma me aporta.
Este santuário onde noite após noite, nos encontramos, onde em madrugadas a fio nos tomamos como partes iguais de um único ser, é uma porta aberta no tempo, túnel de comunicação entre mundos adjacentes que nos deixa atravessá-lo, permitindo-nos a magia de um encontro. Magia ou pura ilusão, é pergunta à qual não ousamos responder sob pena de perder este truque que o tempo nos oferece, como ponte entre duas margens de um mesmo rio, como lugar secreto, caminho escondido por detrás dos segundos que o relógio vai marcando.
Na ausência do tempo que passa, somos eternamente amantes.


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