e ainda não percebi porque escrevi isto...

Data 04/07/2008 13:08:10 | Tópico: Poemas

Modelos permanentes de telas vividas
o meu quadro são estórias perdidas,
o meu reverso é branco e esquecido,
é tudo tão diferente e tudo tão parecido!
Tento fazer algo de útil
mas tudo me parece tão fútil...
Espelho-me sozinho numa parede
e atravesso-me num trapézio sem rede.
Tudo e todos afectam-me tanto,
as vozes, a vida, a alegria e o canto!
Sons inaudíveis corroem o meu espirito,
a sinceridade, a beleza são um grito!
Frases ao acaso bombardeiam a minha cabeça
mas quando estas acabarem talvez desapareça...
Esta não é, nem será, uma mensagem,
é um calor de uma alma selvagem,
são formas, cores e desenhos sem sentido,
ou provavelmente um sentimento perdido...
As ervas altas povoam a solidão casta,
o esbracejar esvoaçante de um vento que se arrasta
e o bafejo de uma tarde quente de Verão,
a criança insegura que à Mãe dá a mão;
o corcunda atarrancado que coxeia devagarinho;
depois de uma almoçarada, um litro de vinho...
O doce e prolongado cantar da fresca catarata,
um triste tornar da tristeza que mata!
A incerteza e perplexidade de um lavabo misto
e ainda não percebi porque escrevi isto!


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=42908