Picos d´Alma

Data 04/03/2007 10:10:35 | Tópico: Poemas -> Esperança

Flutuo ...
Teço a tangente
entre a Vida e a Morte
Desperto o centro da Madrugada
Mordo a palavra como quem
De um amoras bravas sorve a
Vida, sorvida bago a bago
Mordo a palavra entre o
Lábio e o palato
A palavra esquecida ...
Mordo e sorvo dela o néctar
E a essência – seiva, alimento
Do génio e do poeta.
E de cada consoante retiro
O fluído e de cada vogal
O enzima...
E cada palavra mordida
Jorra em sangue escorrente
De antiga ferida, a dor ...
Encontro ai a tinta
Com que pinto o painel
Da frente do Teatro da Vida.
Sobe tela ... sobe o pano;
Solto a palavra, sem engano
Solto a palavra sobre a bigorna
É ferro, é fogo ...
É chama, calor que se inflama
Na flama da forja e na fornalha
Solto a palavra ao martelo
A palavra forjada no âmago
E no ventre ... a quente!
A palavra ... ganha forma!
Doí-me a Alma
É lava ardente ... enxurrada...
Dobro o orgulho sobre o joelho
Sou aldeã no quebrar a lenha,
No tecer do galho ...
No cerrar dos dentes ...
Dobro a Alma tal o Vento
Se desdobra entre brisas e
Hercúleas correntes.
O orgulho tomba
A mente louca esquece
A rudez da palavra
Solta da boca sem rumo,
Sem sentido...
Pico inóspito ... retido!
Orgulho ferido
Peixe afogado no
Tecer do seu próprio Ser
Peixe no Mar ... perdido.
Que novidade é Renascer
E saber ... ganhar ou perder!


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