Tombaram reclusos no bico do Monte Everest ...

Data 04/03/2007 13:36:09 | Tópico: Poemas -> Amor

Tombaram reclusos no bico do Monte Everest
os dias pálidos, inúteis, desqualificados.
E os altaneiros silêncios das noites ácidas repetidas.

Repentinas, as trevas subitamente
reacendidas
falam-nos de um Céu recente,
a pespontar de um rio líquido, adolescente,
cavalgando no Vento das próprias crinas,
p’los corredores livres da Alma.
Lavada, recrudescida,
tal flor que brota prometida, da Terra a cada Primavera.
Flor fermentada,
carne, linfa urgente, que nos agita e grita,
sulcando no umbigo do ventre,
apontando o caminho, na semente reflorescida.
Que nos murmura
que nada é perpétuo, nada perdura senão renasce...
senão rejuvenesce.

Do inóspito pico do Monte Everest,
vieram pássaros exauridos, Albatrozes, Gaivotas, Andorinhas ...
Trouxeram suspensas nas frinchas dos seus bicos,
gélidas sementes ...
Depositaram-nas, ternurentos, uma a uma,
no sopé límpido
da nascente das nossas fontes.... Em espera.

Refloresceram agora em forma de palavras,
de roupagens sóbrias, quase mudas,
singelas Magnólias, flores atulipadas,
de estrelas pontiagudas.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=4351