Deixa que aconteça ...

Data 04/03/2007 14:34:29 | Tópico: Poemas -> Saudade

Deixa que aconteça
que a boca desça
serenada na maciez do beijo
tal insecto alado sobre a margarida.
Em oferta!
Deixa que as tuas e as minhas asas, soltas,
deslizem
livres, de mãos abertas - despertas -,
como esta secreta aragem que te afaga.

E que as nossas asas, doridas, se entrelacem
num enlace de segredos e no encanto do toque e foge dos dedos.

Deixa que se solte
do centro da Madre Terra
a fonte do desejo
sobre o começo do veio-nascente da água.

Deixa
que expludam dentro de nós mesmos
as promessas (in)contidas;
Desemboquem rios
dos canais confessos
dos recantos secretos dos teus e dos meus olhos
e logo, logo, desagúem e sejam pacíficos, apaziguados, Mares.
Oceanos!
Sejam lagos doces e planos...
onde coloquemos a velejar todos
os nossos sonhos clandestinos de aves, de meninos ...
Mar
(que sempre me dizes-te que de topázio era o meu olhar)
e que desde os primórdio de um tempo sem tempo,
desde o começo, andorinha, me consagrei a ti
e tos ofereci...
Cega serei (que importa?) por tanto te amar...

Andorinha
Por favor, deixa que aconteça
que desde modo
contido
magoado e dorido,
sem brilhos, os meus olhos,
são apenas, neste Planeta de alagado chão -
tapete vereda de águas, promessas afogadas,
e nele tantas dores e mágoas -,
um lago de tristeza e dor.
Um cofre de ilusões e de intenções algemadas.
Que assim,
na ventania
na tona, na loucura desmedida,
esta andorinha, de Fada Meldemim vestida,
está nas rotas incertas do céu perdida,
tal folha, fina, redemoinhada no canal de uma imensa tempestade.

Tanta verdade,
encerra o branco de um peito de andorinha...
É promessa de chegar!
E no negro do seu dorso, está afundado o manto deste desgosto!
De te ver partir e não voltar!

Andorinha
Se me levaste a Alma
que mais da Vida posso eu esperar?


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