hipérbata

Data 13/07/2008 08:35:26 | Tópico: Poemas -> Introspecção

resgato
ao desvão do vento que sopra rude lá fora
algumas letras soltas:
- elevam-se
buganvílias pétalas
dum qualquer tempo que não sei…
de que me não sei…

púrpuras, amarelas, roxas, rosas, brancas …

ausente, melancólica,
desfolho e releio um diário antigo
de letras doiradas
em capa negra

afago-lhe os contornos
limito-lhe o corpo
o volume de folhas amareladas
empobrecidas
sumidas
pouco mais que água paginada
em hologramas de vazio

em esforço
quedo-me quase cega
nas iluminuras incompletas, imperfeitas…

copista de um tempo,
hipérbata,
deslizo agora
em sensaborias d’excessos,
desregramentos em versos e versos,
fio a fio,
gota a gota,
- seda pura em roca tosca -,
iluminados p’la inexistência intempestiva.

cognata
não sinto mais o vento
nem sequer calor fome ou frio…
não sinto nada

se ventava lá fora
… tudo está tão silencioso agora!





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