DIÁRIO DE MIM

Data 14/07/2008 23:42:28 | Tópico: Prosas Poéticas

Minhas mãos querem firmar pra te tocar, como folha cúmplice da solidão. Espio a janela do quarto e avisto aves voando alto...outras poisando nas velhas árvores, que já repousam seus corpos da lida.
Tento te dedilhar como a mim mesma nas noites que me descobria...intensa, sôfrega, palpitante.
Eu queria agora te confessar meus segredos, meus intuitos, meus acasos...mas não sei ao certo se estarias preparado para recebê-los...
Quando se abre o coração, se abre por inteiro! Eu sou assim: a inteira face de mim, e não seria diferente num mundo tão humano como o meu...
Choro por vezes nos cantos da casa; quieta, como se tivesse que lançar as lágrimas para dentro da calha humana, a que sai pelo avesso.
Faço isso quando quero me sentir sozinha, com meus botões, que os abro lentamente. Sem a pressa dos homens, sem a fala das mulheres, sem o choro das crianças.
Afasto-me de mim por segundos e vôo com tanta rapidez, que mal posso acreditar que consigo atingir a velocidade do pensamento.
Sim, eu penso tanto muitas vezes, e tantas outras desisto de pensar.
De que me adianta dar a mão à palmatória do mundo, se tentarei bater mais fortemente?
Ah, meu diário! Eu planejava agora falar de amor pra você; dum amor tão limpo dentro de mim, mas que não veio à tona agora.
Prefiro falar do que não tive, foi bem mais fácil pra mim...
Se do amor tantos falam, com tantas verbalizações, tantas banalizações, tantos esconderijos...
Não quero falar de amor, diário...quero falar do amor que sinto por mim!


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