Família
Data 15/07/2008 12:56:07 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Atríticos erros consumidos Pelo sangue que escorre na pia, Na imaturidade de desejos irrefreáveis Eu pago pela desgraça alheia.
Mãe teu carinho que salva É o mesmo que destruiu minha virilidae Quando apanhava em salas de aula, E trancafiado no quarto pequeno respirava umidade Xingado e entristecido.
O sol se vai mais uma vez e eu o odeio, Não vejo o velório de meu pai, A bandeira lusa apodrece dentro do caixão adornado Com ares de imponente saudade Daquele que nunca trocou palavras comigo além de desculpas. Guardarei a lembrança do homem alto e aleijado, Que movendo apenas o rosto envelhecido babucia múrmurios lamentosos Para uma criança ingênua Que perdoa a misteriosa irresponsabilidade De culpas e mentiras,de verdades ocultas, Prossigo como posso.
O bolor de paredes contaminadas Ajuda a infectar meus pulmões Quanta pobreza por toda parte! E mais uma morte indesejada,, Sob gritos um cadáver adormece em meus braços E lá fora estranhos assistem a mórbida cena da casa, Amaldiçoada. Parentes são inimigos hábeis, Mas com todo ódio que tenho posso derrotar todos eles.
Não há nada que afaste de mim o lamento Por todo o tempo que consumindo minhas forças, Tirou a chance de obter momentos de sã felicidade, nos velórios paternos e nos traumáticos dias de privação e medo.
Amo minha tristeza ao mesmo tempo que não, Autodestrutivo e viciante paraíso, Confusos desejos e sentimentos mistos, Na solidão hermética de janelas e cadeados.
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