Nunca estive tão longe

Data 15/07/2008 21:09:31 | Tópico: Contos -> Tristeza

Naquele dia de primavera, o sol caía suavemente pelas cortinas brancas da casa. *-* tinha acordado com mais dores do que nunca e, de algum modo, soube que aquele era o dia de se despedir e partir rumo à eternidade. Chamou um táxi e pediu que a levassem até à praia. Consigo carregava apenas um pedaço de papel dobrado, nas mãos tremulas que o apertavam com a força que lhe restava.

Deambulando calmamente pela areia, chegou à beira do mar e deixou cair o seu corpo até ficar sentada na areia molhada a sentir as ondas a tocarem-lhe os pés. Olhou o horizonte, onde o mar se unia ao céu numa só cor, e sentiu o seu coração a ficar ainda mais pequeno, apertado pelas saudades de uma amizade. Como que por magia, a sua melhor amiga sentou-se ao seu lado e disse: “Eu sabia que te encontraria aqui”. *-* olhou-a nos olhos e sorriu-lhe ternamente, enquanto lhe segurou a mão e a apertou contra a sua. A brisa soprou morna e *-* pendeu o seu tronco para trás e deixou a sua cabeça moldar-se na areia de modo a ver as nuvens brancas que desenhavam o céu.

Ficaram ambas em silêncio como que a ouvir a conversa que haviam adiado durante o tempo em que não se falaram. Até que os dedos de *-* se abriram lentamente e a sua mão se soltou da mão da sua amiga e o pequeno pedaço de papel caiu sobre a areia. Nele estava escrito “A distancia nunca me impediu de estar perto de ti!!!”. Olhando para o lado, a amiga percebeu que *-* já tinha partido para sempre e que era tarde para lhe dizer o que aquele pedaço de papel significou, para si, naquele momento.
http://poesiamusical.spaces.live.com/



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=44350