Vem comigo...viver...

Data 16/07/2008 21:47:22 | Tópico: Crónicas

Não pergunte com estes olhos imensos e inquisidores, porque fico alheio a tudo e a todos, se você não é todos, não pergunte escute...mude este olhar de espanto pasmo, para uma certeza medrosa... mas certeza...
Há momentos, que o teclado, a tela eu e o computador formamos um conjunto “simbiotico”... que me completa... sou só ... e ao mesmo tempo todos que sou... sinto-me inteiro ... me transcendo e transcendendo quero estar nu ... mais que nu ... aberto ... para me fazer conhecer... por dentro... para você me conhecer por dentro... para eu me conhecer.. quem sabe compreender... sendo completo somente sentir...e basta. Meus dedos são impelidos ao teclado, derramo sobre eles o que me vai na alma... sem norte ou enredo... sem razão...sem medo... uma frase me faz imaginar e pensar um romance inteiro...quero depurar, manipular... lapidar a frase... deixa-la tão pronta como se houvesse nascido ali, no papel, na tela...e ao ler o contexto ... nenhum sentido faz ... melhor seria deixa-la só ... órfã de texto ... uma frase bonita e sem sentido... estendida no papel... piscando na tela, prenha de uma historia que a complete. É isto que quero que compreenda...nenhum amor nasceu em mim sem passar antes, pelo desvario louco, irado e cego da paixão... sem deixar trôpegas as pernas, em pandemônio o coração a vida... a mente sem utilidade a não ser a total e completa falta de razão... joelhos esfolados de tanto cair ao chão. Antropófago me banquetear nas carnes ser devorador e devorado . Como aqui frente a tela, tento exprimir o que sinto ... me espremo em sucos de palavras sem motivo ... apenas sentindo. Mais do que arrumar palavras numa frase, ou dispor estas frases na tela... mais que isto... sentir as palavras...o sentimento das palavras... as frases com vidas próprias ... destroná-las da cabeça e coloca-las quase humanas na tela ... para que você compreenda ... para que você me entenda.Ou entenda que jamais vai me entender...e aceite como sou.
Sairmos deste transe, machucados, mas inteiros, olhar o mundo ao redor e voltarmos a olhar nossa loucura, sorrir, recolhermos dela o que tivemos de melhor juntar este punhado de emoções de vida em uma mão em concha...guardarmos com carinho. Olharmo-nos num afago dos que viram o paraíso e vermos neles um brilho de futuro. Vem comigo...viver nossa loucura.
Carlos Said



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