
Hotel de Solidão
Data 18/07/2008 00:56:23 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| A noite cinzenta no hotel de solidão A foz do Iguaçu que não ecoa na escuridão O frio do Sul que sufoca o meu coração Os pés trepados um no outro, protegidos, no chão.
O filho no MSN pedindo explicação A sobrinha adolescente exigindo uma benção Uma amiga solitária pedindo atenção E o meu coração, esse, bem, sofrendo de solidão.
Ao fundo um smooth jazz tocando uma bela canção Que me faz murchar de saudades do meu violão. A distância de casa, dos filhos, amor, amigos e do cão, Quero voltar correndo pro meu Rio, pisar no meu chão.
Escrevo sempre que estou triste Melhor isso que ficar remexendo na cama. Há tempo não sei como sorrir. O afago de um beijo e o aperto de mão. O som de meu sax, flauta, violino, latido de meu cão.
A saudade veio escondida na bagagem, no avião Intrometeu-se no 206, em baixo de meu colchão Ainda bem que não trouxe a sua irmã, a decepção. Dias desses a vi escondida, telefone na mão.
Deixa estar, se desconfiar que chama a sua irmã A despacho de volta pro Rio, sem compaixão. Também vou, claro, em outro vôo, correndo pro meu violão. Não quero a companhia da Decepção. Em Foz do Iguaçu, não.
O som das águas que abundam por aqui Não chegaram ainda ao meu coração. Ledo engano, pois dissera a uma amiga Que, cá, tocaria meu violino, na escuridão.
Olhando pro manancial de águas turvas Misturaria os sons vindos da imensidão Com a minha débil música, sofrida. Pois bem, não vieram o sax, o violino e nem o violão.
E cá estou eu, MSN, estudando com meu filho Que insiste não precisar do Inglês. E nada de música, som, alegria e criação. Sobra-me, somente, a melancolia Nesse hotel de solidão.
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