
O ZÉ POVINHO E OS BIGODAÇAS
Data 18/07/2008 15:47:42 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Esta noite sonhei que era actor. Que eu fazia do teatro amador Numa companhia de teatro rural, Mas com grande \"cabedal\". Havia os actores e os figurantes. Havia o Zé...sim, sim, minha senhora, Aqueles a quem chamam de Zé Povinho, Garrafão debaixo do braço Com uma bela pingarola, sim, o vinho. Havia também aqueles de grandes bigodaças Daquelas bigodaças à antiga, Já não se lembra, minha amiga? Portanto, eram bem do seu tempo. O Zé, dormia ao relento. Os bigodaças, em casas apalaçadas. Tinha que ser assim Senão a peça não tinha piada. Não minha senhora! Não era a peça... dinheiro!... Era a peça de teatro. A senhora hoje, está com má compreensão, Ou serei eu que estou em dia não? Os das bigodaças, eram os abastados, Bem redondinhos, bem alimentados. Entre os Zé e os das bigodaças, Havia a policia que mantinha a desordem. Não minha senhora... não era a policia verdadeira. Também tem razão, a verdadeira não existe! Bom... eram os Zé, que faziam o papel. Não, não e não! Não era uma fábrica de celulose Mas alguns dos Zé, na verdade,tinham a tuberculose. Nos policias, havia alguns bem barrigudos Que até pareciam Que estavam na policia há muitos anos. Não minha senhora, não há engano, Era uma peça de teatro Para mostrar como é a vida. Nela estão os palhaços e os faz-tudo. Os palhaços fazem tudo para enervar o faz-tudo E quantas vezes ele é obrigado A fazer ouvidos de mudo. Mas não, minha senhora, não, é a vida. E a vida, não é um circo? Olhe... a maior parte anda a dançar na corda bamba. Outros fazem grande ginática par viver E que nem dinheiro têm para morrer. Já lhe disse, a vida é um circo. Então a senhora não está a ver? Os patrões desse circo, são os bigodaças. Pagam mal, apenas uns tostões. E os Zé, pobres Zé!... Quando chega o fim de semana Viram as algibeiras de pantanas E nem há patavina que caia, é só vento! Mas eu sei que hoje não há tostôes! Minha senhora... não me obrigue a dizer palavrões. Oiça.... acabou! Nada mais há para contar, Até amanhã, vou-me deitar Não quero estar consigo, a perder o meu tempo! Era só uma peça de teatro, afinal Que representava a vida ao natural.
A. da fonseca
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