Delírios de sombria solidão
Data 19/07/2008 04:43:17 | Tópico: Poemas -> Góticos
| Dance comigo no balé dos anjos caídos, Ensina-me a andar sob campos descoloridos e cinzentos vestígios de céu, Nas fendas em paredes antigas de fungos, No ar pesado e imóvel de tristeza decadente..
A energia negativa flui em mim quase tomando forma própria, Em recintos abandonados de consciência enlutada entidades cósmicas, De etéreos paraísos artificiais vagos, iludidos, Lágrima fria que vegeta à própria sombra.
Desde cedo,desde sempre, no passar dos dias infelizes momentos, Solitário,adoecido,pensando em como seria diferente, Sem retratos, esmoreço, pelo esforço constante de manter-me vivo Deitado,soluçando como lobo acuado, Em covil oculto e maldito.
Minha pele pálida permanece sensível, Ainda que os cortes tenha parado de irritar, Ostento a amarca do pesadelo,carrego a cruz de um Cristo tombado Pela força de inexorável destino.
Não ressucitarei sem ti, Meu pão e vinho, verdade que salva, Ironicamente nos beijos de pagã,ninfa inspiração satânica,esplendorosa em natureza sacra, Como nas raízes do que hoje é deturpado em versículos e dogmas.
Atingindo o ápice da dor, construo outra, Em multiformes desejos reprimidos e anseios ingênuos Como numa corrida em floresta chuvosa quando os espíritos sobrevoam a casa cheia de luzes Profetizando sobre crianças mortas em lareiras.
Sim, dance comigo,abraça-me, Para que a Morte em outra longa conversa, impaciente não toque meu coração Ressoando em dobres distantes que confundem santidades inquietas, De delírios e visões funéreas onde carregam minhas cinzas em caixa craniana.
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