[No teu olhar, trazias o vento e as marés]

Data 19/07/2008 20:17:58 | Tópico: Poemas

No teu olhar, trazias o vento e as marés
e a exacta cadência lunar,
exposto brilho em movimento
eterno e terno que acaricia
a quente face do areal
onde o vazio preenche a ausência
em que outrora um batel pronunciava
sede e fome de mar e de infinito.

Das ondas, o infindo azul, o
branco da espuma onde os cavalos
alados do sonho nascem
para atoarem os barcos
sobre o agitado dorso do mar.

No íntimo dos teus olhos, havia utensílios.
Machado, serra, plaina, grosa, lima,
formão, lixa para a faina
das árvores navegantes.
E astrolábio, carta, régua, esquadro,
compasso, cálculo de longitude
e latitude. No teu olhar,
há o momento exacto em que enfunadas
as velas preenchem a linha
do horizonte em silêncio.

Ou somente a distância precisa
medida entre partir e regressar.



Xavier Zarco
www.xavierzarco.no.sapo.pt
www.euxz.blogspot.com
www.xavierzarco.blogspot.com




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=44886