Tempo

Data 21/07/2008 08:00:29 | Tópico: Poemas



O tempo não é nada.
O tempo não serve para nada.
A longevidade das memórias não atenua nada.
A poeira assenta.
De vez em quando, levanta-se com a força de multidões e espalha-se.
A poeira torna-se tudo o que existe.
Tudo o que vemos e sentimos.
Naquele fim de tarde tu eras a única coisa que existia.
Nada mais importava.
O mundo não importava.
Passei o dia todo com a ânsia e o desejo de te ver.
Tentava não pensar, mas só pensava em ver-te.
Inventava conversas, gestos.
O tempo recusava-se a passar.
Permanecia.
E eu, à espera. À espera do que o tempo trazia.
De repente, todas as memórias invadiram o presente.
Tu...
O teu olhar...
O mesmo olhar pelo qual me apaixonei.
O tempo tivera alterado algo em nós.
Algo... mas continuávamos de certa forma iguais.
Olhares...
Risos...
Toque...
Momentos... a efemeridade do tempo.
Queria que aquele momento durasse para sempre.
Mas o tempo. O tempo cruel recusou-se e devolveu-me a angústia, quando, uma vez mais, te vi partir, para longe de mim.
Para longe de nós.
Para longe de tudo o que poderíamos ser.
Tempo.
Tempo que faz de nós marionetas, contrariando a nossa vontade, roubando-nos os breves instantes de felicidade que nos são proporcionados.
Hoje, carrego o tempo insuportável da tua ausência.


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