EMBUSTE

Data 23/07/2008 18:50:19 | Tópico: Sonetos

Entoa grave a cantilena fria
Que se tornou assim a vil serenata.
Recita o verso que a ti sacia,
Fere inclemente sob a fina prata.

Destila quieta árduo veneno
Qu’inocente bebo ardiloso embuste
Que a mim fustiga encorpado e pleno;
Dá-me serena pra que eu não me assuste.

Cego, não vi que a mão que me amparava
Era a mesma mão que oculta me feria;
Engodo torpe, sórdida cilada.

E agora sinto o que em mim reinava
Se desfazendo frente à ventania...
Ontem era tudo; hoje é quase nada.


Frederico Salvo.




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