 
  
    	Galapito
    	Data 24/07/2008 18:26:57 | Tópico: Poemas
 
  |  "Mote"
  Num ponto do infinito  Há um planeta azulado…  Enquanto gira de lado,  Visto de longe é bonito…  Diz-se aqui no Galapito  Que há lá um certo animal  Que se faz um maioral  E pensa que sabe tudo…  Como um grande cabeçudo  De renome Universal. 
  I  Diz o povo aqui da Corte,  Do lugar aonde estou,  Que o ponto p`ra onde vou  É sítio de gente forte…  Vou entrar no Pólo Norte  Para ver se ali medito…  Um prazer que necessito  P`ra gelar o meu sentido,  E passar despercebido  Num ponto do infinito… 
  II  É ali no pedregulho  Que aqui comparto e vejo…  Onde está um Alentejo  Que descansa sem barulho…  Há quem diga que é orgulho  E quem diga que é um fado,  Que se leva descansado  Nas guerrilhas desse mundo…  E vejo que lá ao fundo  Há um planeta azulado… 
  III  Confesso, estou curioso  P`ra chegar ali depressa,  Onde dizem que a cabeça  Tem um dom meticuloso…  Viajando o céu viçoso  Avanço no céu estrelado,  Onde tudo é encantado  E onde tudo bate certo…  No azul que fica perto,  Enquanto gira de lado… 
  IV  Quero ver a cor das serras  Nessas grandes altitudes,  E passar desertos rudes  Que apagam outras terras…  Também quero ver as guerras,  Para ver se eu acredito  No que a Corte me tem dito  E não quero acreditar…  Mas olhando esse lugar,  Visto de longe é bonito… 
  V  Com a nave desengatada  Vejo algumas claridades…  Talvez sejam as cidades  Da parte mais abastada…  Noto a porção anilada  Durante o soar de um grito…  Que soa como um apito  E zune como um consolo  - Vamos ver esse bajolo…!  Diz-se aqui no Galapito… 
  VI  A nave sorri em festa  Pelo azul dos oceanos…  Que exibem aos humanos  A frescura que lhes resta…  Dizem que à hora da sesta  Esse anil é divinal,  No austro de Portugal  Onde está uma cicatriz…  Toda a nave aponta e diz,  Que há lá um certo animal… 
  VII  O Galapito avança mais  Para ver mais à vontade…  E reparo outra verdade  Destapada por sinais…  São fumaças colossais  Vindas lá do corpo astral…  Penso que algo está mal  Nesses tons que não se somem,  E que ficam mal ao Homem  Que se faz um maioral… 
  VIII  Vejo a Lua olhar p´ra mim,  Como uma Deusa do céu…  Que sorri de corpo ao léu  E a benesse não tem fim…  É ditosa em ser assim  Com um ar sempre amorudo…  Enquanto me quedo mudo  Penso nessa criatura  Que é pomposa na figura  E pensa que sabe tudo… 
  IX  Lá em baixo oiço trovões  Ou estouros das disputas…  Que são o maná das lutas  E o pesar dos corações…  Entre as muitas criações  De cariz grave e agudo,  Avisto o animal taludo  Entretido nessa esgrima…  Que diviso aqui de cima  Como um grande cabeçudo… 
  X  Esvaiu-se o meu ensejo  E a querença que trazia…  Esse Homem dá-me azia  Alojada no meu pejo…  Já nem vou ao sul do Tejo  Ver o ente especial…  Desejando-lhe, por sinal,  Sorte para todo o ano…  Por ser um alentejano  De renome universal… 
  António Prates
 
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