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 EncontroData 25/07/2008 11:05:51 | Tópico: Poemas
 
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 No “Bar e Café Pessoa” encontrei Fernando.
 Ele bebericava numa caneca de porcelana,
 lendo “O Corvo”. Puxei uma cadeira da mesa ao lado
 e sentei, observando seu porte magro, alheio a tudo em redor. Ali, o mundo e o pensamento eram
 somente dele. Sobre a mesa de tampo fino,
 repousava uma caixa envolta em papel pardo,
 com uma etiqueta da Air Portugal. Ele devia ter
 chegado há pouco de lá, talvez para visitar o Reis. Fiquei observando-o durante longo tempo.
 Calmamente, após pousar “O Corvo” sobre a mesa,
 ele dirige sua atenção a mim, uma expressão
 de desalento no olhar, como a dizer:
 - Fui descoberto!
 Ouço a voz da garçonete e viro o rosto:
 - Sim, traga-me café numa caneca de porcelana.
 Volto-me e já não o vejo. Corro até a porta,
 perscruto a rua parcamente iluminada.
 Não o encontro, ele sumiu definitivamente.
 Retorno à mesa onde ele estivera.
 A garçonete se aproxima e repete:
 - Não temos caneca de porcelana, senhor.
 Abro o pacote que, na pressa, ele esquecera.
 Há vários livros, entre os quais um de Poe
 que me chama a atenção, intitulado
 “Histórias Extraordinárias”.
 
 
 
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