Fronteira

Data 25/07/2008 11:38:48 | Tópico: Poemas

Que sede esta de cruzar oceanos
E fronteiras escritas por homens,
Versejar em todas estas latitudes
E dizer que o mundo é só um.
Que sede esta de gritar aos humanos
A todos os velhos que já foram jovens
Para lembrar tantas boas atitudes
Desde mim ao ser mais comum.

Afogo-me em minha pobre inocência,
No calor das chamas que me consomem
E me despertam a farta cobardia
Que me fez nascer das entranhas da terra.
Sepulto os restos perenes desta essência
No olhar dos espíritos que não dormem,
Os passos trôpegos de cada dia
Em batalhas perdidas na guerra.

Que sede esta de matar a inconsciência,
Todas as sombras feitas escuridão
Que debelam chagas em cheios infernos,
Decepam cabeças em lâminas de machado.
Que sede esta misturada de inconsistência
Que mora ao lado da tua solidão,
Morre sedenta em tantos Invernos...
Alma de sangue envenenado.

Ignoro-me quando te julgo igual,
Feito dos mesmos ramos que esta árvore,
Forte, graciosamente impiedoso,
Espelho de meu fétido descontentamento.
Gravo nos dias o caminho final,
O meu nome a negro no alvo mármore
Em augúrio frágil e jocoso...
Sonhos leves de encantamento.


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