Essência

Data 28/07/2008 21:47:47 | Tópico: Poemas

Fazes essa etérea catarse dos ferimentos de alma
Expurgando crostas antigas que ficaram por cair
Pesando pouco a pouco na leveza com que partiste
No momento primeiro da tua fecundada aparição

Banhas-te dos ventos iniciáticos despido aos céus
Da luz purificada dos seus cristais que transitam
Descrevendo as reminiscências em que te criaste
No retorno à tua primitiva essência para o amanhã

Regressas à fonte das águas límpidas e naturais
Da qual bebeste a vida no seu instante primeiro
E derradeiro ao leito pelo qual cruzaste afluentes
Como extensões transbordantes da intensidade
Com que te excedes em teus espasmos de amor

Pareces dissecar teu cadáver antigo e putrefacto
Transmutando-te em borboleta desempoeirada
Do peso do quotidiano que carregaste ao crescer
Entre um tempo que te consome para existir
E um espaço que te devora de aparências
Numa renascença que te devolve ao berço.

No retorno a ti despertas de um sono distante
Repleto de todos os sonhos do universo
Onde buscas as pontes dos teus caminhos.




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