Natureza e necessidade
Data 28/07/2008 21:54:35 | Tópico: Textos
| Porque o faço? Porque tenho que prestar homenagem àqueles por quem a minha natureza é por natureza e necessidade o que é:
À sorte - por ter nascido num dia de tempestade e aos meus quase muitos anos a fazer a digestão quase perfeita. Ao meu pai - pela paixão telúrica. À minha mãe - pela paixão anímica. À minha professora primária - pelos meus hábitos regulares. Ao meu irmão Henrique - por viciar-me em ironia. Ao professor Lopes - pelas lições em argumentação. Ao desconhecido - pela 1ª vez que fiz amor. Ao rapaz da bicicleta - por não ter – me atropelado. Aos meus amigos - por terem reconhecido que meus discursos eram inaudíveis. Ao meu “personal jesus”- por velar por mim. À morte por esquecer-me.
Não há qualquer desordem visível, qualquer ordem passível, nenhum crime, nenhuma lei contra a súplica primária, mas nada é garantido, nem mesmo a minha insanidade. É evidente que não se pode consentir que isso aconteça. Eu não quero ser sanguinária, lunática, homicida, suicida. É suposto, apenas por uma hipótese: nascer, “foder” e morrer sem pecado. Pois, que mais inocente, que nascer um filho a uma virgem Maria?. A razão é impotente e agora nem o compromisso poético funciona nessas histórias de encantar. Eu não sou encantadora nem tão pouco pecadora, mas que venha um deus para me salvar, um deus tão igual a mim quanto possível, capaz de me entender, que não seja obrigado a esperar para ver o que eu faço, estou fartinha de esperar. É certo que tem havido uma certa harmonia entre eu e o meu deus, eu gosto de pecar e ele gosta de perdoar, talvez goste de divertir-se à minha custa, mas porque diabo embirra comigo? Faz-me esperar por coisas que diz que faz? e espera por coisas que eu não consigo fazer. Tenho procurado ser boa, tenho trabalhado como uma escrava, quero que toda a gente se “foda” e não faço sexo há vários dias, que é coisa aprazível e que recomendo. Quem me dera nunca ter nascido por necessidade!
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