Um texto interior

Data 30/07/2008 20:43:34 | Tópico: Poemas

Embalo com uma aceleração de crisálida
que metamorfoseia curvas quentes e loucas
em lides leves, suaves e belas,
com o intuito de chegar ao topo da imaginação.

Sem chegar a uma forma definida,
arranho o criativo sentido da escrita
com as unhas que ainda tenho em mim
e acabo por escrever assim:

Choro com os dentes todos,
choro a bandeiras despregadas,
com vontade. Choro a rodos
como se ao mundo morressem as fadas,
os desejos e as coisas bonitas.
Choro por querer rir,
por dar-me sem sentir,
e por, de rastos, daí vir
com a vontade de para aí voltar.
Tenho-te por querer amar...
só isso.

Quando te ausentas, falo por dentro,
num jeito que apedreja o espirito...
são dizeres que desiquilibram e me matam o centro:

Passaste por trás de mim, como se fosses o futuro que quebra a cada muro erigido. Talvez não soubesses.
- Olá, estás a ouvir? Deitaste-me no chão frio, sabias?
As costas começaram a gelar. Deixei de as sentir e não me consigo levantar.
Quando me falaste no que é não sentir, não imaginei que estivesses viva... mas estavas e deste-me algo que não te pedi.
- Estás-me a deixar sem luz.
Assim, em breve, vou-me ausentar. Talvez volte, um dia qualquer mas, assim vou-me ausentar

A crisálida continua fechada na sua aceleração
até se dar às asas trabalhadas
que, livres e desincrustradas,
irão voar sobre o topo da imaginação...

Criamos, criámos
E eu escrevo metamorfoses.

Valdevinoxis




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