ainda me morro, ana.

Data 31/07/2008 11:13:25 | Tópico: Contos

e ainda me morro sempre que te recordo em dias nostálgicos como este, os cabelos livres como o vento que não se faz sentir e essa tua mania, irremediável, de parares os momentos com palavras ágeis e mudares de filme. este sítio já não é uma casa sem os teus braços e o compasso das esperas, agora longo, tornou-se indecifrável ana.
tu eras, ana, eras tudo o que eu sonhei encontrar na vida e, ainda assim, acreditei que não me bastasses, não soube construir-te uma ponte que fizesse a ligação dos meus lábios ao meu coração e quando me beijavas eu não sentia. chorei muito ana, chorei a vida de não perceber o amor que é vão, apodrecido sobre os gestos que se gastam e hoje, hoje se recordam com as tristes e velhas músicas do brian
adams. nunca larguei o museu romântico que me ofereceste quando nos conhecemos. e antes que acorde ana, antes que acorde e me morra de novo num acordar só, deixa que te cante com a voz desafinada por cima da voz do brian adams e me torne brian adams agarrado ao microfone que é o desodorizante. amo-te ana e ainda me morro.



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