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 Entre vulvas de mel um veneno expia-teData 01/08/2008 21:24:53 | Tópico: Poemas
 
 |  | Uivos na noite longa aproximam-se do meu leito,
 em deleite, com luzes em punho
 incendeiam meu corpo vestido
 de poros quentes
 sob as penas do edredon.
 
 És tu que me chamas!
 
 Quando a folha tomba do plátano,
 um trémito sacode o húmus do cipreste.
 
 És tu que me agitas!
 
 Olhos invisíveis no meu peito tocam
 fixando-me no ponto fixo do espelho
 onde o relance mais denso do fruto maduro arde.
 
 És tu que me fitas!
 
 Mãos inquietas
 inscrevem assimetrias do desejo
 não há membro, nem ponta de carne
 ou átomo da alma que não tenha
 tua impressão digital.
 
 És tu que me queres!
 
 Em vértebras guerras, faz-se paz
 com suaves toques de loucura
 que saem directos ao cortex.
 
 És tu que me penetras!
 
 Não mais meus pés pousam no chão
 Não mais pesa meu corpo no ar.
 
 És tu que me atravessas!
 
 E, levas contigo, por entre vulvas de mel
 guardadas à sombra de um sacrário,
 o veneno que te expia
 numa vertigem obscura
 que é só tua.
 
 Esse veneno sou eu!
 
 
 
 
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