"Soneto a um Coveiro"

Data 03/08/2008 20:38:09 | Tópico: Sonetos

Plantador de carnes podres condenadas,
tua sina alegra-me o alento derradeiro,
talvez eu possa dormir que você primeiro,
sendo a semente dentre tantas já plantadas.

És o respeitável guardião dos cemitérios,
o fabuloso cavador das covas fundas,
enigmático das metafísicas profundas,
dono das chaves dos cárceres funérios.

Não importa se é branco , negro ou Oxum,
pois o coveiro, esse lavrador comum
atende a todos que precisam dele assim...

Enterra a cruz com seus fúnebres letreiros,
essa é a aritmética nefasta dos coveiros
onde a sua conta não chega mais ao fim.

Francisco Ferreira


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