
Grito de Liberdade
Data 04/08/2008 19:23:59 | Tópico: Prosas Poéticas
| Refresco-me com o bater das asas de uma borboleta, entorno o meu sorriso à beira do rio e fico a ver, alegre, ele a partir no teu peito de água límpida e fresca. Deixo que o céu me cubra de beijos azuis e estendo o cansaço do meu corpo naquelas pedras planas onde recebo os braços do sol que me embalam, que me adormecem da vida por detrás dos pensamentos. Tudo é tão calmo visto daqui, cheiro o perfume das flores e oiço os animais que rastejam perto de mim, a natureza em harmonia... Os meus olhos tocam a águia que plana sobre mim, sei que me espera inquieta, sei que receia que eu não volte. Entreguei-lhe as minhas asas, algo que nunca fiz… sinto-me agora despida da liberdade, mas serena. O grito dela é de ansiedade, sei que precisa partir. A terra puxa-me para si, o corpo vai ficando dormente com aquela quebra de alma. Os olhos vão – se fechando. O sorriso já deve ter chegado ao seu destino com o correr do rio, está entregue.
A águia aquieta-se e numa derradeira tentativa pousa perto de mim, olha-me. Nos seus olhos, vejo o mar revolto, que me chama para si, que apela ao meu instinto que volte, vejo o meu sorriso, mas é a mim que ele quer, inteligente, sincera, irreverente, persistente, agarrada ao que acredito, vejo-lhe uma lágrima…
Renasço, entrego-me em alma ao corpo da águia e plano até ao mar que me abraça.
Este é o meu grito de liberdade e de esperança pela vida que me espera.
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