
Porque és tu a faúlha incendiária ...
Data 10/03/2007 14:30:00 | Tópico: Poemas -> Amor
| Porque és tu a faúlha incendiária, a ponta penetrante de um Cometa projectada no Oceano líquido d'azul a borbulhar, no virar de cada espumada volta de Mar, no restolhar de cada ressequida folha no botão de Dália em cada ano reflorescida, o Vento pára, consente e se volatiliza. Ou, voraz, acende a acendalha esquiva no lume de um olhar atento de uma intemporal madrugada altiva. Acendalha viva! (Do ventre urgente de sermos somente Gente) Seiva escorrida, se matiza no anil dos dias e no vermelho quente das horas...
E porque és tu a agitar-te na avidez do meu corpo ele sem reserva se abre em cálix, corola flor e te abarca, te envolve da pele ao dorso... Jaguar errático e faminto, num abraço, na brisa e no vento deste Deserto da Vida, convertido em adensada, frondosa floresta, revestida nos sons e tons de Primavera florida. Luminescência, prelúdio de ária encantada...
Que das tuas mão de chuva, escorridas, gotas de sal e suor – p’los poros exaltados -, são em nós o elixir do Paraíso adivinhado nas longitudes demarcadas e no traçado do corpo. Linhas singelas e finas, esboçadas pelo esvoaçar de umas asas alongadas ao Infinito ... (Solta-se na boca, de nós, o grito!) Manto-corpo ...Tecido palco sagrado de um Mundo antigo ... (re)conhecido. E os nossos cabelos fundidos são eles mesmos ondulados diagramas e diademas na composição de poemas ...
Porque és tu, apenas tu, a raiz da árvore que me habita...
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