carta fechada à pretensa escritora margarete

Data 06/08/2008 11:19:29 | Tópico: Mensagens

ex.sra. margarete da silva, um dia escreveu que a vida era fácil de se viver com amor pois digo-lhe hoje que não é bem assim, um dia escreveu que o mundo era uma caixa de música avariada pois digo-lhe hoje que não sabe o que diz, o mundo não está avariado, nós é que estamos avariados, um dia escreveu que a vida estava virada do avesso mas você é que passa a vida a fazer o pino.
perdoe-me a ousadia de lhe escrever mas parece-me que há algumas verdades que precisa ouvir, há um monte de palavras que escreveu que eu como leitor assíduo não posso deixar de criticar, até mesmo de , com a tristeza de quem se desilude, lhe pedir para apagar.
um dia encontrei a sua carta aberta para mim e via como uma afronta ao meu modo de a acarinhar, não sabe a desilusão que tive e acho que merecia um pouco mais, quanto mais não fosse por a ler durante todos estes anos.
quem estava ao seu lado quando com oito anos começou a escrever e não tinha a quem mostrar os seus escritos? quem? eu. quem estava a seu lado quando com curta idade decidiu concorrer a um concurso de poesia? eu. quem lhe deu a mão quando subiu ao palco para receber o prémio? eu. quem estava a seu lado quando em fevereiro de dois mil e sete decidiu entrar no lusopoemas? eu. quem foi que, quando partiu, a convenceu a voltar? eu. pois não acha que mereço um pouco mais de apreço, um pouco mais de estima e consideração. não foi quando você caiu que eu a ergui e como um arauto sempre a proclamei no cimo de uma pirâmide de leituras, sempre.
não sabe como a pretensa escritora me desapontou, pensava que me acobardava? pensava que eu metia o rabo entre as pernas e continuava a aplaudir o que escreve como se nada se tivesse passado? digo-lhe que se pensou assim estava redondamente errada. eu não sou burro, nem tolo, nem louco ao ponto de considerar santo o pecador. você errou mas quem nunca errou que atire a primeira pedra. concerteza não será santa mas dos seus pecados há-de ser absolvida se me dedicar uma ode. uma ode a mim, leitor assíduo, compassivo às vezes nos disparates que escreve, tolerante com a sua falta de esperança, com a sua amargura e com a sua tristeza que aturo como se fosse minha filha, a mim que na minha pequenês não consigo escrever-lhe melhor o seu excesso de presunção e orgulho, a sua forma ,tão convencida como matreira, de tratar aqueles que sempre estiveram do seu lado.
e como sempre cabe-me a mim transmitir-lhe algo muito importante e hoje resta-me conseguir convencê-la da sua derrota, se entregar as armas já pode ser que a perdoe.

leves cumprimentos
do seu leitor.


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