do lastro ao casco

Data 08/08/2008 08:06:10 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

do lastro
ao casco
um espaço imberbe
‘inda por preencher num corpo d’água
em forma de mulher:
- praia
preia-mar
onda, vaga
a crescer da popa à proa de um navio
d’almirante de mar e terra
… vaso de guerra.



descanso o olhar
liberta e presa
na linha do horizonte
lá onde o oceano é chão e o empíreo ilimitado
… infinito.

elevo dos braços, os gestos, na gesticulação títere da orfandade,
marioneta sem estrado, tablado (enfim…)
num animoso palco em que sou actor e contramestre
e tu encenador em teatro de me fazer
insurrecta
imperfeita
naif
ninfa (o que quiseres serei …)
em revelar-me não mais que asceta
neste solidão maior
de mim.

subo a escada passo a passo
até à gávea de ti.
subo
em cordas de sarça, silvados a rasgar a pele da alma,
isócrona
assíncrona em isótopos de metalinguística.

subo a escada, a adriça,
e, num alojo de náusea, já mareada … dou-me palmas e aplausos
(os que me negas) esqueço quem sou, se sendo tudo,
não sou nada e tudo recomeço ….

a linha longínqua do horizonte é agora a minha estrada.



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