Navegaste o pranto dos meus olhos …

Data 11/03/2007 17:30:00 | Tópico: Poemas -> Amor

Embocaste pela boca aberta do meu pranto,
num ponto preciso do estofo da maré. Marinheiro
reconhecido na arte de bolinar, navegaste o lamento
pungente dos meus olhos e neles colocaste uma a uma,
Primulas, Violas, Begónias, num plantio desmedido
de boninas, de flores, na arte de replantar “Amores”!.

Lavas de lume emergiam da crosta incandescente.
Não temeste! Falavam de um tempo em que a Alma
em chaga, sem que disso tivesse dado alerta a meteorologia,
entrara abruptamente em erupção.

Destemido Marinheiro, buscaste na cana do leme, direcção.
Acreditaste que lá em baixo, na sua porta, o metal sulcaria
o pranto em mansas vagas derivadas. Aplanadas…
À carlinga fixaste o mastro onde içaste a bandeira da Paz.
**
É manhã.
A luz escorre agora. É leite derramado na Noite que morre.

Hoje eu sei que o que escrevo não mais é que o acordar
de um Sonho prematuramente adormecido no reponto da maré…
Fecho os olhos. Sob a claridade pálida da fugidia Lua,
a linfa ondula. Sobre a areia as gaivotas desenham-se
em orgânicas danças. Em espasmos, atingem o orgasmo.
De braços abertos encenam cânticos nupciais.
Tudo é bucólico, tudo é simbólico, no reino dos animais!

Navegaste o pranto dos meus olhos …




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