
O MENINO QUE BRINCAVA COM CARRINHO DE OSSOS
Data 13/08/2008 23:27:27 | Tópico: Poemas -> Sociais
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Um olhar tão triste e vago eu via... Queria ter o poder de Deus às mãos E tirá-lo daquele chão batido Daquela casinha de taipa Dos tapas que levava no rostinho. Ah! Eu queria ter o poder de Deus às mãos... Pra abrandar aquele corpo tão magro Que mal sustentava os ossinhos Ou eles que mal retinham a carne Que os urubus tanto esperavam Não via nada que pudesse fazer naquele dia Porque criança que chora com dor adulta é sagrado Não se pode tirar a dor do peito de quem chora Não! Não fui Deus nunca! Fui apenas mais uma palma Que lava o rosto com bom sabonete Que usa sapatos brilhosos... Não sei ser Deus, mas eu quis ser gente! Grande mulher que açoita o vento... E que forma sílabas tônicas... Que bebe água de bica Eu queria ser gente e tirar daquele menino O olhar comedido, vazio da insegurança E por no chão daquele anjo belos sonhos! Mas, o que vi foi um menino poeta A fantasiar num pequeno carrinho de ossos Uma estrada pura sem poeira... Eu vi Deus acontecer naquele dia!
(Ledalge, O MENINO QUE BRINCAVA COM CARRINHO DE OSSOS)
BASEADO NUMA REPORTAGEM SOBRE A SECA, ONDE O REPÓRTER NÃO AGUENTOU E CHOROU MUITO AO VER UM MENINO TRISTE BRINCAR COM UM CARRINHO DE OSSOS.
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