
A esperança apodrecida
Data 15/08/2008 12:30:22 | Tópico: Poemas -> Góticos
| A luz dos olhos dela incidiu sob minha face,desapareci não sendo notado, Diáfana a sombra de uma caveira murmurava como em prece maldita, Terra ainda manchava meus pés, Ciprestes balouçavam quando a tempestade mesmo amainada,rugia, levantando folhas amarelecidas e miasmas, Feito lamentos de bruxa em sacrifício infanticida, Dilacerando almas e sonhos, tragados no vendaval de minha morte ritual, Nenhum velório para o errante suicida.
Arrasta-se oculta ainda a esperança mutilada,seus membros rotos de leprosa enterram-se no chão rastejando sozinha, Preservada a beleza de rosto intacto, ingênuo em cruel ironia, Ela sorri como um convite obsceno,não a vejo, sinto apenas, Como os pássaros antes da fúria do tempo,feito as despedidas dos cancerosos condenados e as lágrimas no corredor, Recostadas no pó de paredes ladrilhadas esquecidas,feito fé desabando em portentosas ruínas.
Até que o último resquício de sanidade permita,agonizarei trancafiado em invólucro apodrecido, Despertado para sempre,esvoaçante aparição junto ao abrigo de amada ninfa, Para vomitar um lamento infinito e residir em recrudescentes doenças, Tiritando em maxilares cruelmente expostos
Cubra-me com teu pesar,assim direi,console-me com teu luto até o amanhecer outonal de vazio, Contemple a frígida expressão de desgraça firmemente enraizada, Nas campas frias e imagens de Cristo argênteo cego e emudecido,esvaindo-se na atmosfera de enterro pelas recentes memórias cremadas, O alvissasseiro crucificado ainda pende no alto, com o rosto cálido cabisbaixo,tomado de moscas.
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