longe vai o tempo

Data 15/08/2008 19:29:16 | Tópico: Textos

sentei-me na soleira da porta e esperei que acordasses o relógio do quarto, levantaste-te e calças-te os chinelos que ensonados te conduziram à casa de banho, a escova de dentes estremunhada espreguiçou-se depois do barulho ensurdecedor da porta ter acordado todo o corredor.
está frio, tenho frieiras nos dedos e não sinto o nariz.
ouve-se ao longe o barulho da mota, o rapaz dos jornais atira as notícias em direcção à minha cara, engulo uma morte, uma perseguição policial e uns dez anúncios publicitários, depois entro e roubo-te um pouco de silêncio, não o hás-de querer só para ti.

quando empurramos assim a vida, puxamos o tempo por um cordel atado numa coleira que lhe sai pela cabeça. ó meu amor, longe vai o tempo...


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=48376