Que tanto em mim ...

Data 14/03/2007 10:02:45 | Tópico: Poemas

Chamo-te Vocábulo e mordo-te com a boca grande do Tempo.
Chamo-te Canto e beijo-te, na pressa e no desejo
de quem, faminto, beija o pão
e sôfrego, suga da folha a fresca neblina da manhã.

Chamo-te Sílaba silabada ou Vogal aberta.
- Vem cá!
Quero que matizes de negra tinta
a madrugada branca.
Em troca dou-te o sangue que me escorre na garganta,
que sobe do coração em supetões até às veias.

Veios sulcados no Oceano de gritos.
Hinos contidos. Choros e risos …
Chamo-te Acento e me sento
numa cadeira desconchavada de uma Vida
sem estrada. Predefinida, velejada à deriva
nas artérias de ribeiras perdidas.

Chamo-te Silêncio. Voga-me sem medo a Alma
que virgem a quero para a doar à palavra alada.

Chamo-te Poema ...
Que tanto em mim é mais que nada.


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