Palavras Lusas

Data 19/08/2008 21:56:52 | Tópico: Poemas

Dobrei a língua em metáforas
Roídas de inveja pelo vento,
Sorridentes e tenras anáforas
Soletradas por ingénuo jumento.

Formigueiros agitados do Veríssimo
Espezinhados por uma palavra porca,
Transformam-se num verso belíssimo
Nessa Lua de pergaminho do Lorca.

Filtrei por entre os dentes
Sinfonias, anafadas prosopeias,
Roubadas de rezas videntes
E gritantes onomatopeias.

O ar mordido de Santareno
Que seca em mão usada, branca,
Sabe a doce, agro de veneno
Das árvores sangrentas de Espanca.

Enletrei breves quiasmos
Rosas brancas de jardim,
Murmúrios e pleonasmos
Em textos sem fim.

Amor que arde sem se ver em Camões
Fruto maduro de eterno imaginário,
Ergue-se nestas almas e corações
E nas brancuras quentes do Cesário.


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