SEARA AO VENTO

Data 20/08/2008 10:52:56 | Tópico: Poemas -> Introspecção

Às vezes dizem-me que sou forte.

Uma heroína - que prova o fel,
transforma em mel,
sai ferida,
lambe as feridas,
enfrenta vendavais,
e sai ilesa,
sem ais...
E que tem sempre um sorriso, para curar os momentos
que lhes sobram dos lamentos...

Mas eu sei como sou fraca!

Sei quanto a tristeza magoa,
e quantos abismos a dor já minou no meu corpo.
Sei que as forças faltam,
que, tantas vezes finjo ficar,
quando só fugir eu quero...
Sei que engano o tempo, deixando que ele me engane a mim...
Sei que sou balanço de haste de trigo,
que se dobra ao vento, em seara alheia...
Sei que não atino com o caminho,
sei que cedo ao Destino...

Às vezes chamam-me fraca...

Que não honro a condição,
que traio a essência de Ser,
que não ouso lidar espadas,
que não me atrevo a Viver,
que me escondo em fachadas
de hipocrisia e perdão!

(Mas só eu sei...)

E levo,
carrego a Vida,
caio, ergo-me de seguida,
e à força que me pisa,
dou suporte e dou perdão,
dou a face e cedo a coroa
se me estenderem a mão...
Guardo no olhar o lume
da esperança e da vigília,
e finjo não ver o gume
que me desfia a razão.
E sorrio,
há por quem sobreviver,
há inocentes de quem
é necessário esconder
as lágrimas do desespero...
E espero,
vivo e agradeço
as bonanças que mereço.

Sei que sou forte, afinal!
(Futuro é tudo o que peço...)





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