Fecho a fábrica das palavras

Data 20/08/2008 19:38:44 | Tópico: Poemas

Não posso mais escrever-te
que o sol sou eu, sorriso amarelo do céu;
que se tão enfadonhas as noites, a solidão é uma lua exausta, que se altera em fases para não incomodar os meses;
que as estrelas dos meus olhos saltitam a sós nas madrugadas;
que nos meus sonhos somos fada e príncipe aos beijos nos sarçais;
que meu coração tem asas de anjo e vela sentado o amor que te tenho.

Não mais posso dizer-te
que sou flor amarela de estufa;
que tenho saudades em tons de cetim;
que a dor é célula viva em minha pele;
que há vestígios de poesia no meu sangue;
que minhas mãos desenham acordes num aceno;
que guardo na boca um arco-íris de mel que nomeará nossos momentos.

Porque o teu desprezo roubou de mim
matéria prima,
fecho a fábrica das palavras.



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