evangélica morada

Data 24/08/2008 11:45:26 | Tópico: Poemas -> Introspecção

evangélica morada
esta em que me abrigo
da noite sem limites e das esquinas inversas

chovo. chovo a bátegas em flâmulas d’incandescência.
soletro-me
gota a gota
no suor e na saliva das ruas desta cidade.

alagada
decifro verbos difusos, sacudo nuvens do teu peito
e digo
de novo e agora e sempre
amor…
amante …
amigo …

… é remediável a derrota
das hostes sempre adversárias,

mastigo hóstias sagradas
em busca
de mim inteira
e da parte que de mim não sei
se existe
se sou

cinza
sideral poeira

deságuo
na foz do tempo
sem mordaças a azular o horizonte …

[são silêncios
os gáudios com labuto
em cruzadas pagãs …]

reencontro-me sempre, lua perdida, lua negra,
no Crescente das manhãs.



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