"Futuro da Minha carne"

Data 24/08/2008 18:58:58 | Tópico: Sonetos

No passar de segundo por segundo
vejo o fim da minha terrena batalha,
reflete no espelho um poeta moribundo,
que em prol da própria cova ele trabalha.

No meu rosto, vejo o húmos cadavérico
e meu nome estampado em necrológios,
um caixão, antes quadrado agora esférico,
cenário da festa necrofágica dos micróbios.


As fibras da minha herança apodrecida
numa alotropia molelucularmente suicida,
sem mais o fogo ardente dos meus brilhos...

Minhas carnes federão no meu sepulcro,
mas meu DNA servirá sempre de fulcro
na propagação da prole dos meus filhos.

Francisco Ferreira


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