
Aos mortos
Data 01/04/2007 14:12:25 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Aos mortos
Ó tu, podre que na terra enluta, Disforme fado no letargo imerso Da imunda carne a matéria bruta.
Ó tu, resto d'uma modorra, interno De necrófagos em escôo co'o imundo endocarpo, ignóbil prazer também?!
Ah, a bicharia, o festim importuno, Os rins, a vaga, delírio a'lguém. Qu'importa o patogênico não inútil?!
Se no esterno a dor berra infante, O intestino o bicho rói, todo fútil; As mãos, a pele, os olhos errantes.
U'a infecta ferida sempre derradeira, O úmero falido, o lábio que osculava Ali em putrefação. - Ó que nojeira.
Restos fecais à alimento aflorava, C'um exicial fedor à todo vaporoso De podridão. - Ó destino fatal...
O Coração carcomido. Que horroroso! Ah! O clangor soa a nota tumbal; Que baila a turva morte escura?!
- Dance co'o verme ao triste fim... Em sequaz imerso, e tão enxuta, O belo vurmo hei a cheirar enfim.
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